O racismo ganha de goleada no país do futebol

 


Fora do continente africano, o Brasil é o país mais negro do planeta. Os negros, descendentes de inúmeros povos importantes e de lendárias nações africanas, representam nada menos que 58% da população brasileira, e se somarmos a população negra com as populações indígenas e com os descendentes de asiáticos, somos um dos maiores países predominantemente não-branco no mundo. No entanto, é nesse mesmo país que o racismo se alastra por todos os cantos da sociedade e atinge especialmente os homens e as mulheres negras.

Apesar de presentes em todas as atividades efetivamente necessárias para a produção e para a circulação de riqueza, isto é, na agricultura, nas fábricas, no comércio, no transporte público, etc., os negros são aqueles que encontram também o peso do racismo em todos os lugares e a todo momento.

Somos nós, os negros de todos os tons, que somos alvos da intolerância religiosa, da desconfiança, da perseguição e da violência de seguranças em lojas, nós somos aqueles que, mesmo sendo inocentes, são criminalizados por um judiciário racista e aburguesado, somos alvo cotidiano das polícias, sejam elas militares ou civis que não se constrangem em nos assassinar em plena luz do dia nas periferias das grandes cidades. Além disso, somos nós, os trabalhadores negros, aqueles que recebem os piores salários. 

Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia, os homens negros representam 38,19% da população que recebe até meio salário mínimo, as mulheres negras representam 37,11%, enquanto os homens brancos representam 11,11% e as mulheres brancas 12,81%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as crianças e os jovens negros representam 71% dos alunos que são obrigados a abandonar a escola devido às condições sociais e econômicas.

Tudo isso demonstra que apesar da riqueza ser produzida pelas mãos dos trabalhadores negros, que são a maioria esmagadora da classe trabalhadora no Brasil, os bens sociais e econômicos são descaradamente nos negado. E essa situação não muda com a simples mudança de governo. Afinal sai governo e entra governo e aqui estamos nós – na base da pirâmide social brasileira. 

Qual a explicação para isso? A explicação é que não há capitalismo sem racismo. Para justificar a razão pela qual nos explora, um bando de grandes empresários parasitas (banqueiros, grandes comerciantes, fazendeiros, etc.) precisam constantemente inferiorizar nossa cor, nos traços e nossa cultura. Ou seja, precisam oprimir nossa raça e transformar nossas diferenças naturais em relação as demais raças em sinônimo de desigualdade. Foi assim no passado para justificar a escravidão, é assim no presente para justificar a exploração capitalista. 

É por esse motivo que nesse 20 de novembro, queremos ir além de uma simples Consciência Negra, queremos construir uma Consciência Negra e de classe social. Isso significa que não confiamos em nenhum governo da burguesia, tampouco autorizamos aqueles que compõem esses governos falem em nosso nome. Também foi por isso que recentemente defendemos nas ruas a saída do governo racista de Bolsonaro e ao mesmo tempo não depositamos nas urnas um milímetro de apoio e esperança no Governo capitalista de Lula, pois não esquecemos que no passado Lula não apenas apoiou as Unidades de Polícias Pacificadoras (UPPs) no Rio de Janeiro provocando o crescimento das milícias nos bairros pobres , como também foram os Governos do PT os que mais encarceraram a juventude negra, além de ter invadido e massacrado o Haiti, o país mais pobre e negro das Américas.

Para nós, negros e negras da Aliança Revolucionária dos Trabalhadores, (ART) só é possível combater efetivamente o racismo se combatermos sua origem, isto é, combatermos o capitalismo em suas mais diversas manifestações, entre as quais a opressão racial.

Se não existe capitalismo sem racismo, que os racistas queimem na mesma fogueira que os capitalistas!

Fogo nos racistas e nos capitalistas!

  Autodefesa das comunidades quilombolas contra o agronegócio e contra as mineradoras!

     Auto-organização e autodefesa dos trabalhadores e da juventude negra contra a repressão do Estado nas periferias das grandes cidades!

    Fim de todo aparato repressivo do Estado Burguês e sua substituição por esquadrões e tribunais populares auto-organizados!

      Desencarceramento da juventude negra mantida em prisões insalubres sem julgamento.

    Fim da intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana!

 

      NENHUM JOVEM NEGRO A MENOS!

 


Comentários

Postagens mais visitadas