Zona Franca de Manaus demite mais de 7 mil operários


Entre o final de dezembro de 2021 e início de janeiro de 2022, as fábricas nacionais e estrangeiras que atuam na Zona Franca de Manaus demitiram mais de 7 mil operários. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal), no final de dezembro o Polo Industrial de Manaus contava com 98 mil operários, mas no início de janeiro esse número foi reduzido para aproximadamente 90 mil.

Apesar dos seus lucros exorbitantes, que ultrapassaram 131 bilhões de reais, os capitalistas chineses, estadunidenses, brasileiros, japoneses, coreanos, franceses, etc. não hesitaram em jogar no olho da rua milhares de operários e operárias, trabalhadores esses que produziram a riqueza que gerou o lucro para os capitalistas e que agora são descartados e submetidos ao desemprego, à miséria e à toda a sorte de desgraça que se abate contra a classe operária manauara.

Reconhecidas por sua capacidade produtiva mundial, por sua tecnologia ultramoderna e pela disputa interburguesa na chamada indústria 4.0, fábricas como a Samsung, Honda, LG, Philco, Flextronics, estão entre as que mais demitiram e entre as que mais lucram. Essa combinação entre lucros e demissões, tem antes uma mediação – a mediação da exploração. Todas essas fábricas, com o aval do governo brasileiro e de todos os espectros políticos da burguesia regional e nacional, submetem os trabalhadores à condição análoga ao regime de trabalho do século XIX. Homens e mulheres, a maioria dos quais indígenas desenraizados (caboclos), trabalham amontoados por mais de 12 horas em unidades mal ventiladas sob um calor de mais de 35ºC, e em troca recebem menos que dois mil reais líquidos para reproduzir sua força de trabalho em uma das cidades mais caras do Brasil.

Em tais condições e na presença de um movimento sindical e político partidário que sequer é digno de ser chamado de reformista, a Amazônia brasileira esconde em suas densas matas uma das maiores concentrações operárias da América do Sul e um dos operariados mais explorados e embrutecidos do mundo, cujo pagamento da força de trabalho é inferior ao miserável pagamento da força de trabalho na China.

Diante desse cenário, a Marx Brasil se soma à denúncia contra as demissões, mas também convida os operários e operárias da Zona Franca a se organizarem dentro das fábricas e em seus locais de moradia para se defender das demissões a partir da redução da carga horária sem redução do salário, mantendo assim o emprego de todos, bem como os convida para assumirem o controle direto da fábrica, mediante greves e ocupações, em casos de demissões em massa e fechamentos.

Quando estamos perante a miséria, o desemprego, o despejo, a fome e a todas as barbaridades expostas pelos capitalistas, a nossa radicalidade deve nos parecer o caminho mais sensato, afinal esse é o único capaz de nos garantir a mínima dignidade.  

Nenhum operário a menos!

Nenhuma demissão a mais!

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