Com o aval da Justiça Burguesa grileiros avançam sobre as terras indígenas em Roraima

     Por Marx Brasil (Boa Vista)


Na última quarta-feira, 01 de dezembro, mediante agressões, disparos contra idosos, mulheres, homens e crianças, o Batalhão de Operações Policiais, um dos ramos mais violentos da Polícia Militar de Roraima, invadiu e destruiu mais de 15 casas da Comunidade Pium, um território indígena ancestral. A invasão militar ocorreu após a juíza Sissi Marlene Dietrich Schwantes, da Vara Cível Única de Alto Alegre, município de Roraima, autorizar a reintegração de posse do território indígena localizado na região de Tabaio.

Não resta dúvida que a decisão da douta esconde dois elementos os quais, nós da Marx Brasil, denunciamos em alto e bom som: o caráter burguês e racista da Justiça brasileira, sempre pronta para atender aos ricos e poderosos e a cumplicidade do poder judiciário no avanço do setor primário exportador contra as terras comunais indígenas no Norte do Brasil.

A reintegração de posse no caso da Terra Indígena Pium (TIP) é um dos casos mais escandalosos do conluio entre os membros do judiciário e os latifundiários, uma vez que esse território foi reconhecido e homologado, ainda que de forma incompleta, pela própria Fundação Nacional do Índio (FUNAI) como território ancestral que deve ser demarcado em favor dos seus verdadeiros donos – o povo macuxi, wapichana e sapará, povos que compõem a Comunidade Puim. Todavia, como essa área é cobiçada por ruralistas, em geral, a Justiça Capitalista optou em atender os dois ruralistas paulistas, Caio Roncon Modotti e Juliana Roncon Modotti, arrancando a força os povos originários para entregar as suas terras a esses latifundiários, em outras palavras, a Justiça legitimou o roubo de terras contra os indígenas.  

O caso da Comunidade Puim, no entanto, não se trata de um caso isolado, mas de mais um caso entre tantos outros, nos quais o roteiro é o mesmo: latifundiários e garimpeiros invadem e reclamam para si as terras indígenas, o poder judiciário acolhe o pedido dos invasores e a polícia expulsa os indígenas dos seus próprios territórios para entregá-los ao setor agrominerador.

Não foi por acaso que no dia 16 de novembro, ou seja, menos de um mês do ataque contra a Comunidade Puim, a Polícia Militar do Estado de Roraima executou um ataque violento contra os povos originários para facilitar a atividade do garimpo na comunidade de Tabatinga, localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Tampouco é por acaso que ao mesmo tempo em que usam as forças de repressão para atacar os indígenas, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), o Governo de Jair Bolsonaro e o poder judiciário ignoram e aplaudem o avanço do narcotráfico e das grandes empresas mineradoras na Terra Indígena Yanomami.

A considerar que o ataque contra a Terra Indígena Puim tem a mesma essência dos ataques sofridos pelo povo yanomami, munduruku, guaranis, piripkura, entre tantos outros,  nós da Marx Brasil não apenas oferecemos nossa voz para denunciar o avanço dos capitalistas sobre terras comunais indígenas, como defendemos o direito de autodemarcação feita pelos próprios povos originários, o direito inalienável de autodefesa que esses povos podem e devem recorrer frente a qualquer invasão em suas terras, bem como chamamos os movimentos sociais, sindicatos e organizações revolucionárias e de esquerda a oferecer aos indígenas solidariedade efetiva por meio de apoio político e material contra o Estado Burguês e contra as grandes mineradoras, madeireiros e latifundiários.


*Foto: Conselho Indígena de Roraima

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